Por onde tudo começa?

Com atuação nas periferias da cidade de São Paulo, especialmente na Zona Leste, a Emperifa, empresa pioneira em tratar da gestão da criatividade para os empreendedores periféricos, compartilhará as experiências, aprendizados, olhares desenvolvidos nas práticas com esses empreendedores. Ademais, acentuamos a importância do pensamento da gestão da criatividade aplicado nos negócios, com vistas à diferenciação, inovação e resultados sustentáveis.

Muito se tem falado sobre o empreendedorismo no Brasil e, mais especialmente, nas periferias brasileiras.

Pensar e falar sobre o empreendedorismo periférico nos traz essa grande questão: Por onde tudo começa?

Por onde tudo começa?” podemos dizer pelos sonhos, pelas carências, pela necessidade das pessoas sobreviverem como ser humano, de se enxergarem enquanto pessoas (com todos os pensamentos, sentimentos, crenças, valores, princípios).

Historicamente, podemos dizer que tudo começa com os processos de exclusão, com as migrações dos pobres, de pobres pretos e pretas pelos territórios brasileiros, pelas ocupações, pelos enfrentamentos, e por todos os demais tipos de porradas dos sistemas políticos, econômicos, sociais…

Esses fatores, – exclusões e mobilizações, sonhos e sobrevivências -, nos estimulam compartilhar os pensamentos sobre as práticas dos empreendedores periféricos da Zona Leste e de todos os territórios periféricos da cidade paulistana e de todo o Brasil.

Os bairros do Itaim Paulista e da Vila Curuça estão em uma área de 21,7 km², com população estimada em 408 mil pessoas, conforme publicação do site Acontece

É um território populoso e que têm características muito específicas: grande presença de nortistas e nordestinos, pretos e pretas, crianças e jovens, pessoas de baixa renda e com baixa escolaridade. As pessoas ocuparam espaços alagadiços e, por muitos anos, sofreram as consequências das constantes enchentes em períodos de chuvas. As precariedades de infraestrutura são visíveis, assim como o alto índice de violências e baixa expectativa de vida. A população residente, nesses bairros, enfrenta um problema seríssimo de mobilidade. Para se ter ideia, o deslocamento até o centro da cidade paulistana, demora em média duas horas! É muito tempo! É muito cansativo! É precariedade demais!

Percorrendo as ruas estreitas do bairro, vemos alguns pequenos negócios, muito comuns das periferias: cabeleireiro, padaria, bar, lojas de roupa, mercados, lojas de doce, funilaria, etc. Algumas vezes, vemos limitações nas estruturas dessas empresas, mas de alguma forma sobrevivem devido as demandas locais existentes. São pequenos negócios, tocados por uma pessoa e alguns membros da família, com nenhum ou poucos conhecimentos teóricos em gestão. Aprenderam a gerenciar os negócios na prática, quebrando a cabeça, experimentando e errando. Aprenderam.

Por onde tudo começa?“, nos parece muito com a necessidade de sobrevivência. As pessoas residentes no Itaim Paulista e na Vila Curuçá,  se movimentaram com suas necessidades básicas pelas cidades brasileiras na esperança de viverem melhor. Nem sempre chegaram acompanhadas com seus familiares, por vezes sozinhas, vieram e se instalaram. Ajeitaram as coisas e começaram a viver. Á medida que tudo dava certo, chegava novo familiar.

As pessoas solteiras formaram suas famílias. Envolveram seus familiares nos negócios.

Alguns empreendedores conseguiram oferecer boa formação educacional para os seus filhos. Realizaram seus sonhos: casa própria, vida financeira estável, viagens…

Nomah Diê e Mano Réu, na música Black Money, nos propõem reflexão:

São quantos jobs sem job aqui

Construíram impérios

Seriam reis no Mali

Economistas de outras vidas

Dona Maria podia ser ministra

A vida empreendedora nas periferias começa pela história, pelos movimentos sociais, pelos sonhos e desejos dos empreendedores, pelas necessidades básicas das pessoas em busca da sobrevivência.

Ter olhar abrangente permite entender o empreendedorismo nas periferias das cidades brasileiras. Olhar sem preconceitos.

Faz-nos entender porque é importante considerar as características locais, o jeito de fazer negócio em cada território. Faz-nos perceber a importância de se considerar as vocações territoriais para promover negócios diferenciados, inovadores, com alto nível de atratividade, sustentáveis econômica, social e ambientalmente.

Quanto pode significar estimular a gastronomia, o artesanato, a moda, a cultura nordestina no Itaim Paulista, Vila Curuçá, São Miguel com todos os elementos culturais e regionais, por exemplo?

A evolução das atividades criativas em territórios periféricos pode atrair muitas pessoas de outras

partes da cidade e do país para consumirem produtos e serviços específicos desses locais. A economia local pode ser desenvolvida com a entrada de dinheiro novo; aumentar o poder de ganho da população local e, por conseguinte, melhorar a qualidade de vida.

A empreendedora Priscila Novaes, criadora da Kitanda das Minas, dedicada à culinária negra e  baiana defende seu negócio trazendo sabor e criatividade. Mergulhada em sua realidade de mulher negra, de mãe baiana e pai mineiro, entende que a empresa expressa esses contextos.

Priscila é negra, cozinheira e queria que o seu negócio tivesse o seu estilo, não só de cozinha, mas de personalidade: “eu sentia falta dessa representatividade, de mostrar a cultura africana e o reconhecimento da mulher negra”.

É fundamental que os empreendedores periféricos, enquanto gestores da criatividade, saibam e reconheçam suas culturas e culturas territoriais, com vistas para a criação de produtos e serviços inovadores, alinhados com suas características e especificidades locais.

Por onde tudo começa?“, para o empreendedor periférico, gestor da criatividade, significa entender as formações dos bairros, os movimentos territoriais, o jeito local de fazer negócio e de consumir produtos e serviços, considerando suas peculiaridades e problemáticas, bem como os desejos e sonhos dos empreendedores.

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