Gestão de Criatividade

COMO FAZER UMA EMPRESA DIFERENCIADA?

O objetivo desse artigo é possibilitar o entendimento referente a estratégia da diferenciação com aplicação da criatividade nas empresas, com vistas à geração de empresas diferenciadas e para a obtenção de vantagem competitiva.

Uma das falas recorrentes de micros e pequenos empreendedores é a criação de diferencial. Muitos entendem que diferenciais aplicados em produtos e serviços, por exemplo, estimulam o interesse dos consumidores. Contudo, apesar desse entendimento, poucos empreendedores realmente aplicam a diferenciação de forma significativa.

Michael E. Porter, estudioso de estratégia empresarial, criador do termo vantagem competitiva, identifica a diferenciação como um dos escopos competitivos. Segundo ele, a empresa que adota a diferenciação como estratégia deseja ser referenciada no mercado ou no segmento de mercado, uma vez que o empreendimento escolhe um ou mais atributos e se posiciona, de forma destacada, para satisfazer as necessidades do público comprador. Para Porter, o esforço para a diferenciação tem como recompensa a obtenção de melhor preço nas vendas dos produtos e serviços, fugindo da tão conhecida “guerra de preços” ou comoditização.

Mas, o que esse conceito pode significar aos micros e pequenos empreendedores, principalmente dos territórios periféricos? Significa que a diferenciação é uma ação estratégica capaz de posicionar a empresa com destaque no território onde atua, despertando os interesses de compra dos consumidores pela satisfação das suas necessidades e desejos, levando-se em consideração os atributos que realmente são relevantes para eles.

Uma empresa, da cidade de São Paulo, no segmento da moda, adotou estampas de personalidades que representam e expressam as causas do povo negro, como elemento de diferenciação em seus produtos. As estampas são criadas pelo empreendedor que posicionou a empresa com singularidade no conceito da marca.

Uma outra empreendedora, artesã, criou bijuterias finas observando os elementos da natureza. Ela aplica de forma amplamente significativa os fundamentos da sustentabilidade. Para a realização da venda dos seus produtos apresenta narrativa de história e sustentabilidade, despertando o interesse do público consumidor.

Outra microempresa, do nordeste brasileiro, desenvolve ações produtivas com pequenos artesãos do território. O diferencial está na aplicação de recursos naturais da região. Os produtos têm uma beleza estética muito significativa, além da narrativa histórica que encanta.

Essas microempresas conseguem se diferenciar em seu território, posicionando-se com singularidade.

Porter apresenta alguns riscos que precisam ser observados pelos empreendedores que adotam a estratégia da diferenciação:

  • A diferenciação pode não ser sustentada, porque os concorrentes conseguem facilmente imitar ou porque as bases da diferenciação não são importantes para os consumidores.
  • A diferenciação apresenta custo muito alto.
  • A diferenciação apresenta melhores resultados quando voltada para segmentos mais específicos.

Uma empresa do segmento da moda, na zona leste da cidade de São Paulo, foca seus processos produtivos em parcerias com fornecedores do território, considerando a qualidade dos tecidos e a técnica de produção. Com isso, consegue ter produtos com qualidade superior e custos produtivos satisfatórios.

Empresa da cidade do Rio de Janeiro, com atuação no segmento da saúde se destaca no processo de identificação de pessoas com baixa visão e de baixa renda, para ofertar os seus produtos. A empreendedora capta e treina pessoas dos subúrbios e as torna em agentes do bem. A empresa realiza o seu propósito com singularidade gerando emprego e renda, aumentando a autoestima das agentes e satisfazendo as necessidades básicas das pessoas atendidas: enxergar.

É importante saber que não há diferenciação sem criatividade. A criatividade aplicada na empresa promove a idealização e implantação de ações estratégicas, táticas e operacionais diferenciadas, possibilitando que a empresa obtenha vantagens em custos e receitas.

A criatividade não deve ser aplicada apenas na criação de produtos e serviços, mas também na elaboração, implantação e melhoria de processos, na gestão, na comunicação e no relacionamento com consumidores, na oferta e distribuição de produtos, em negociações…

Diante de um mundo em constantes mudanças, com avanços da tecnologia, em meio a desafios intrigantes a criatividade tem sido fator relevante para que as empresas possam definir suas ações estratégicas, táticas e operacionais de forma responsável e sustentável.

Micros e pequenos empreendedores periféricos, que pensam e adotam a criatividade nos negócios, têm conseguido reduzir custos produtivos firmando parcerias com fornecedores locais e permitindo que eles contribuam com ideias capazes de favorecer o barateamento da produção, com manutenção ou, até mesmo, com melhoria da qualidade dos produtos.

Outros empreendedores periféricos têm capacitado mão de obra local para a confecção dos produtos, com utilização responsável dos recursos naturais do território. Aplicam técnicas criativas de produção capazes de assegurar qualidade superior com adoção dos fundamentos da sustentabilidade ambiental.

Com vistas a possibilitar o entendimento da criação de negócios diferenciados, esse artigo trouxe a diferenciação como fator estratégico a ser adotado pelos empreendimentos. Foi considerada a criatividade como elemento significativo para que aconteça a diferenciação de produtos e serviços, de gestão, de marketing e vendas, de atendimento aos consumidores, de distribuição de produtos, de processos.

A criatividade aplicada na empresa é elemento fundamental à adoção da estratégia da diferenciação, em que escolhe e combina atributos importantes aos consumidores e possibilita vantagem competitiva.

Referências bibliográficas

MINTZBERG, Henry. Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.

PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: Criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1990.

ROCHA, Lygia Carvalho. Criatividade e inovação: como adaptar-se às mudanças. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

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